As Assessorias de Comunicação têm vivido grandes transformações desde que surgiram, em 1906, com o jornalista Yve Lee. Essas mudanças estão intrinsecamente ligadas às mudanças que a sociedade tem sofrido. Passamos a organizar e utilizar com mais qualidade as informações, deixando o estado de uma sociedade da informação para chegar à era do conhecimento. E é a partir disso que podemos entender o crescimento da cobrança por coerência e transparência das pessoas em relação (no caso deste trabalho) aos governos, sejam eles municipais, estaduais, federal, Legislativos ou Executivos.
Diante disso, uma atuação competente das Assessorias de Comunicação relaciona-se diretamente com uma profissionalização de toda a estrutura, inclusive no contato com os meios de comunicação.
E quais elementos chamam a atenção dos jornalistas? É para colaborar com releases de qualidade, realmente informativos, que Chaparro lembra que a palavra-chave no jornalismo é o "interesse". Seja ele do jornalista, do jornal, do anunciante, do leitor ou do entrevistado, não se pode perdê-lo de vista. É importante, também, lembrar sempre, que cabe ao jornalista da redação decidir sobre o que será ou não publicado e isso deve ser respeitado. O interesse público é o mais importante no momento de selecionar o que se deve propor como informação às redações.
Mesmo assim, uma pesquisa realizada com profissionais de comunicação, desde 2003, pelo site Comunique-se revela que entre os erros mais constantes apontados pelos entrevistados estão em primeiro lugar "querer vender o peixe do cliente de qualquer jeito".
O assessor não deve cooptar/conquistar a imprensa, precisa dar ênfase aos fatos e não enfocar em pessoas, ou seja, evitar uma visão personalista.
Desta forma, um bom relacionamento com a imprensa passa pela produção jornalística de todo o material (inclusive e principalmente do release), pelo respeito ao ritmo, aos prazos e à linguagem dos meios de comunicação, por conhecer os momentos corretos para fazer contatos, ter relacionamento pautado na confiança, ter conhecimento das fontes da instituição, oferecer "press kit", com informações aprofundadas sempre que necessário, sempre estar disponível para os jornalistas das redações, ter um banco inteligente de informações e possuir pautas extras (inclusive sobre assuntos externos à instituição).
O assessor não pode se esquecer que a sua função é facilitar o acesso às informações pelos colegas das redações. Portanto deve-se viabilizar sempre que possível o contato do jornalista com a fonte. Contudo, é necessário, antes, saber qual o assunto a ser abordado para decidir sobre o melhor entrevistado.
Uma Assessoria de Imprensa profissional não pode dispensar a condição de estratégica. Até porque, atuar com profissionalismo depende de ela ter sua atividade ligada à construção de estratégias de ação e não apenas no desenvolvimento de rotinas diárias. E para tanto, ela deve trabalhar integrada com as demais áreas e ser especializada.
ELABORADO POR: Lincoln FrancoJornalista formado e com Especialização pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp).
Referências
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FONTE: http://www.comunicacaoempresarial.com.br/revista/04/comunicacoes/comunica13.asp